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Dias no Rio | Pontão do Leblon, altas ondas e esgoto


O dia 02/09/2020 foi especial no Pontão do Leblon. Os mapas apontavam a chegada de uma ondulação consistente do quadrante sul, e como as ondulações do quadrante leste-sudeste foram uma constante durante o mês de agosto, a bancada do pico se alinhou, gerando grande expectativa para os amantes dos drops “elevador”.


Ao chegar no pico as 6:30 da manhã, nos deparamos com condições desafiadoras, ondas quebravam consistentes e balançadas, baforadas recorrentes mostravam que havia oportunidades para belos tubos… cenário quase perfeito para a queda, se não fosse uma questão: Cedae abriu o caminho da água marrom e fedorenta , o canal depositava diretamente no pico dejetos humanos.


Com a maré seca, aquele nojo in natura tornou as guilhotinas do inside ainda piores, completamente constituídas de esgoto. Embora amedronte à primeira vista, tal realidade não é impedimento para os surfistas do Rio de Janeiro, já acostumados a condições precárias de balneabilidade… tubo paga.


O que vimos durante a manhã foi um show de surfe, ondas que lembravam os points de Salina Cruz no México, faziam a cabeça de quem estava na água. Destaque para os locais Tiago Garuti e Lucas Marins, que mostraram como se faz dropando de trás de pico e percorrendo tubos ocos e pesados. Vale mencionar Ricardo Bocão, que no auge de seus 66 anos fez drops incríveis e impressionou a todos com sua disposição. O time Stone House representou também, destaque para Arthur Cumplido e Caio Reis, que botaram pra baixo e andaram em belos canudos, Daniel De Bellis, Pedro Maciel e Nuno Greenman também pegaram suas ondas.


O surfe rolou solto até 12:00, depois, a maré encheu demais e o vento leste entrou, surfe no Rio de Janeiro é assim, tem que estar no momento certo na hora certa, mesmo com esgoto. Fica a reflexão também sobre até quando os amantes das praias vão ter que lidar com condições insalubres como a desse dia.


É lamentável o descaso das autoridades com essa questão, como comunidade do surfe, estamos conectados diariamente a tal realidade, e vemos a necessidade de se criar cada vez mais espaços de debate e interlocução da sociedade civil em conjunto ao poder público, para que sejam tomadas medidas urgentes e efetivas.


O destrato humano para com o meio ambiente, nosso lar, é consequência da ignorância humana sobre si e sobre o todo. Por isso, incentivamos para além do esporte a mobilização de toda comunidade do surfe, para que possamos nos articular não somente para os swells, como também para preservar e restaurar o máximo possível de nosso mar.

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